Por Jefferson Castanheira  

Existir no Século XXI ainda é um mistério. Se a última metade do sé" /> Por Jefferson Castanheira  

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Como a Covid-19 mudou para sempre a segurança da informação

18/10/2023

Existir no Século XXI ainda é um mistério. Se a última metade do século XX nos trouxe a Era da Informação, viver no primeiro quarto do século atual é como um capítulo novo deste vasto livro em que cada ano traz um novo prelúdio, um esboço do futuro, os erros e os aprendizados compostos com eles. Dito isso, seria exagerado pensarmos em cibersegurança em plenos anos 90, talvez. Com o início das telecomunicações ditando o ritmo do compartilhamento de dados, as maiores proteções vistas e que chegavam na casa daqueles raros que possuíam um computador em suas casas ou uma rede em suas empresas, eram os antivírus, que ainda eram escassos em informações atualizadas, pois com o advento da baixa velocidade da internet da época, era praticamente impossível se manter atualizado 100% contra qualquer ameaça mais recente. Até porque, a grande maioria dos softwares maliciosos daquela época possuíam muito mais um viés de expor falhas do sistema operacional e forçar o usuário a formatar seu computador do que roubar dados e utilizá-los para fins muito mais profundos. E ainda por cima, os eventos “offline” como guerras, conflitos diplomáticos e pandemias pouco possuíam papel direto na tecnologia e na informação. 

Com isto, pensemos no presente. Com a tecnologia agora exposta na palma das nossas mãos (em vista que 81% da população brasileira possui acesso à internet – segundo dados da pesquisa realizada pelo Instituto TIC no dia 18 de agosto de 2021, o que corresponde a 152 milhões de pessoas no país), e uma velocidade jamais pensada no compartilhamento de dados se olharmos para 20 anos no passado, a tecnologia da informação provavelmente atingiu seu pináculo. Praticamente todo e qualquer serviço que não envolva trabalhos manuais ou de manufatura, passa pelos crivos dos novos sistemas, de suas novas variações, de suas imensas e intermináveis janelas de oportunidades através de aplicativos, ferramentas web e outras tantas possibilidades. No presente em que vivemos, qualquer alteração no Globo Terrestre implica diretamente na sociedade, recheadas de vulnerabilidades, atuações criminosas e claro, centenas de milhares de tecnologias que se atualizam a cada minuto para proteger seus dados e a funcionalidade desta infraestrutura inteira que, de certa forma, somos reféns. Claro que há uma licença poética para sermos definidos como “reféns”, afinal, a praticidade e a velocidade jamais pensadas para desempenharmos as nossas funções nunca foi tão alta, e com isso, tem um alto valor para os interessados em subverter e transgredir as leis que nos protegem. 

Se antes conflitos e pandemias não implicavam em ações diretas no meio da tecnologia da informação, hoje temos o cenário completamente invertido. Assim como a Teoria do Caos disserta na tradicional frase: “O simples bater de asas de uma borboleta no Brasil pode ocasionar um tornado no Texas”, a realidade atual é contemplada 100% por ela. Conflitos diplomáticos, destinos de nações e seus poderios econômicos são colocados em xeque a cada segundo que passa por novos e maiores cyber exércitos, que atacam ou protegem dados que jamais poderiam ser vazados ou modificados em prol de uma nova estratégia de algum país. E é claro que, fugindo deste aspecto sociopolítico, uma pandemia também teria impacto direto em como a sociedade trabalha, se comporta, se diverte e consome neste primeiro quarto do século XXI. 

Em 2020, exatos 101 anos após a pandemia da Gripe Espanhola que devastou o mundo que já era visto como moderno em 1919 até 1922, uma nova pandemia chegava para alterar e forçar novas metamorfoses na maneira que vivemos e, é claro, no mundo da tecnologia da informação. A pós modernidade nos trouxe uma super infraestrutura extremamente complexa, e com isso, uma alteração pandêmica poderia ameaçar e causar sérios danos á empresas e pessoas ao redor do mundo. Só que esta infraestrutura antes citada sempre teve foco direto em produção, e os setores de segurança da informação eram vistos muito mais como aqueles “chatos da auditoria” do que algo essencial pra sobrevivência das empresas de todos os setores. Mas com a pandemia do novo coronavírus, a chave precisou ser virada em altíssima velocidade e praticamente sem nenhum preparo.  

A adaptação repentina para novas rotinas, comportamentos e processos foi como um arrancar de um band-aid. O uso intenso de tecnologias que fossem provedoras de tarefas remotas foi exacerbado, e com isso, o número de tráfego de informações sigilosas e também o que servidores conseguem suprimir em sua disponibilidade juntamente com a proteção de seus firewalls, foram expostas. Segundo um estudo realizado pela EY Global Consulting em 2021, 8 em cada 10 empresas dos setores públicos e privados do mundo inteiro sofreram algum tipo de indisponibilidade, vazamento de dados ou fraudes causadas por cyberataques. Aliás, o ano de 2020 teve 8,4 bilhões de ataques diretos aos dados das empresas, e com isso novas tecnologias e antigas tiveram de ser aprimoradas e mais utilizadas. Fatores de autenticação, criptografia de dados, VPNs mais seguras, VDI’s com proteções e bloqueios, preocupação máxima com vazamento de dados através de ferramentas de DLP, proteção de Endpoint para prevenir entrada de novas ameaças que possam sequestrar dados e novas funcionalidades de firewalls tiveram de ser implementadas. A prevenção de fraudes, vazamentos e disponibilidade dos serviços virou prioridade pra as empresas e também para nós, pessoas físicas.  

A evolução, segundo Charles Darwin, acontece com as espécies quando elas precisam de novos métodos de sobrevivência quando expostas á dificuldades físicas e motoras, e assim, bilhões de anos de história, as espécies atingiram o que conhecemos hoje na fauna, flora e na antropologia. Talvez os estudos biológicos sirvam de analogia para a Era da Informação, que se um dia foi utilizada por um matemático britânico chamado Alan Turing para desvendar codificações nazistas na Segunda Guerra Mundial, hoje possuímos em cada um dos nossos dispositivos, várias plataformas que nos devem garantir segurança em nossas ações diretas e indiretas neste vasto mundo do compartilhamento de dados. O mercado de segurança da informação nunca foi tão necessário, e isso causará, assim como nas espécies de Darwin, uma evolução em como trabalhamos, consumimos e vivemos, buscando de fato métodos seguros para proteger o que chamamos de realidade. 

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